É a segunda vez que se desloca ao meu país para partilhar connosco a sua sabedoria e pela segunda vez o Governo português se recusa a recebê-lo de maneira oficial.
Que posso eu dizer acerca desta atitude senão que a acho perfeitamente lamentável e que, de novo, a nossa subserviência vem ao de cima?
Ainda me parece pior porque parte de um Governo de maioria socialista ,reclamando-se de princípios em defesa dos direitos humanos e de luta pela liberdade. Mais grave: não censuraria o Partido Socialista esta tomada de posição se se encontrasse na oposição e o poder estivesse nas mãos da Direita? Estou em crer que sim! E estaria coberto de razão!!
Tomei conhecimento da sua anulação relativamente à ida ao Parlamento, embora não saiba os motivos.No entanto, parece-me ter feito bem, pois ser recebido pela porta do cavalo e por favor...não vale a pena!
Sabe? Os interesses sobrepõem-se a todos os valores e príncipios nesta sociedade de capitalismo selvagem onde tudo vale. E a Secretária de Estado dos Transportes está de partida para a China para tentar concretizar acordos de milhões , na esteira da anterior visita oficial de José Sócrates ao Império do Meio. Como vê, é claríssimo : a real politik sobrepõe-se a tudo e vence todos os escrúpulos...
Estudantes massacrados por tanques numa praça pública?!... A identidade tibetana a ser sistematicamente destruída?! ... A venda de armas para todos os conflitos?!... Os interesses em África?! ... O sistema repressivo em vigor no próprio país?!...Qual a importância disso?! ... São factos menores, danos colaterais ( na subtil designação dos pacíficos e democráticos Estados Unidos da América e apoiantes).
O mais asqueroso (lamento, mas não consigo encontrar outro termo) é que, segundo a comunicação social , houve intenção de o receber oficialmente.
Bastou, porém, a China enviar um qualquer delegado à Assembleia da República para José Sócrates e Cavaco Silva recuarem, pelos vistos.
Ah! E não queira saber a expressão de desagrado e a maneira enfadada como Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros, quando respondeu aos jornalistas que lhe perguntavam os motivos ," Pelas razões óbvias!". Claro que ninguém entendeu quais seriam as tais razões óbvias, exceptuando as económicas...
Nem com aquilo que está a acontecer com a Inglaterra por causa do caso Madeleine McCann ilumina os nossos espíritos: ainda não se percebeu que ninguém respeita quem não se respeita e abdica da sua dignidade sem sequer oferecer luta.
Vejamos as coisas pelo lado positivo : aqui tem uma óptima oportunidade para pôr em prática os seus ensinamentos sobre compaixão!!!
Desejo-lhe boa estadia e longa e pacífica viagem terrena!
Saudações!
. NATAL