Diana Spencer, de 36 anos e mãe de dois adolescentes, morreu num brutal acidente de automóvel numa noite de domingo, ao entrar num túnel das ruas da cidade de Paris - há dez anos.
E,quase de imediato, o mito teve início: a aldeia global , cujo tamanho diminui a olhos vistos, entrou em estado de comunhão na tristeza colectiva e na demonstração pública de emoções expostas na voracidade insaciável e terrível dos media.
Seria interessante, penso, analisar os motivos da criação dos actuais ídolos - vivos ou mortos - pelo comum das pessoas.
Até por respeito ao lúcido e brilhante discurso proferido no funeral por Charles, conde de Spencer e irmão da vítima, devemos reflectir nesta necessidade quase doentia de mitos, ídolos e "personalidades".
Como certa vez me disse o meu querido amigo José Manuel Oliveira, estamos a viver um tempo vazio de figuras verdadeiramente carismáticas, cuja densidade e peso as projectavam como referências ao comum dos mortais.
Assim sendo e considerada a mesquinhez da vida quotidiana que a esmagadora maioria das pessoas penosamente arrasta na sua passagem por este pequeno planeta, natural se torna que se portem como se se encontrassem ainda na adolescência - procurando figuras de identificação e modelos de comportamento.
Se, para cúmulo, a pessoa-alvo combina em si, como Diana o fazia, características contraditórias entre si, mas aparecendo como um todo congruente e morrendo no contexto em que morreu...inevitável se torna a sua mitificação num sociedade de consumo sem figuras decisivas para o futuro da Humanidade e sem pontos de referência marcantes nesta transição de milénios onde os valores se encontram em estado de perdição.
Tudo isto tem ver com a Educação. Eu explico: se as pessoas forem educadas a pensar pela sua própria cabeça e segundo a sua consciência , jamais serão presa fácil dos fazedores de opinião, dos mistificadores de sentimentos, dos vendilhões do templo!!!...
Resumindo, serão sempre seres responsáveis, autênticos e verdadeiramente pensantes.
E não é isto que caracteriza o ser humano?
. NATAL