Queixamo-nos amargamente deste estado civilizacional que vai de mal a pior e nos está arrastando para a perdição.
Mas,pensemos, a responsabilidade não passará também por nós, pela nossa apatia ?
A perversa ordem mundial que nos sufoca não teria hipótese de sobrevivência se não fosse a massa amorfa, obediente e cuja ausência de princípios lhe permite servir deus e o diabo.
Como considero que José Afonso conseguiu exprimi-lo melhor do que eu, partilho convosco este seu poema:
OS EUNUCOS
Os eunucos devoram-se a si mesmos:
Não mudam de uniforme, são venais.
E quando os mais são feitos em torresmos,
Defendem os tiranos contra os pais.
Em tudo são verdugos, mais ou menos;
No jardim dos haréns, os principais.
E quando os mais são feitos em torresmos,
Não matam os tiranos, pedem mais.
Suportam toda a dor na calmaria
Da olímpica visão dos samurais.
Havia um dono a mais na satrapia,
Mas foi lançado à cova dos chacais.
Em vénias malabares à luz do dia,
Lambuzam de saliva os maiorais;
E quando os mais são feitos em fatias
Não matam os tiranos pedem mais.
Boa semana!
De Apátrida a 15 de Outubro de 2007 às 18:23
Ahí xente, que camiña polo mundo, na busqueda dun amo, esquecese de donde ven é non sabe a donde vai, pasa a vida tentando servir o seu amo é traicionando os seús igoais.
CONSELLOS
Si foses xantar con poderosos
coida ben a carón de quén te sentas.
Pexa a túa gula e couta os teus degaros,
ponlle portas á fame si a tiveras,
pois é pan mintireiro o pan dos ricos,
dóce por fora, por dentro amarguexa.
Afora a túa cobiza,
non desacougues por xuntar facenda.
¿ Non coidas que a riqueza non é nada,
que o vento a trai e o vento axiña a leva?
Non comas pan dun home deshonroso,
nin da fartura dil teñas envexa.
Dirache, come e bebe, meu amigo,
disfroita dos meus teres canto queiras;
mais o seu pensamento non concorda,
de boca afora serán as súas verbas,
pois o seu corazón, cativo e duro,
ten de cotio pechas
as fenestras do amor e da xusticia.
Non o esquezas.
CELSO EMILIO FERREIRO
Un abraço
De
São Banza a 15 de Outubro de 2007 às 19:43
Bem vindo, sempre.
Obrigada pelos belos poemas que deixas valorizando este espaço, também teu.
Há quem pareça gostar da sevidão, infelizmente. Ou não queira arriscar-se!
Unha aperta.
Reflexão sobre o post