Em honra do grande poeta e lutador pela liberdade que foi Miguel Torga, em cuja comemoração do primeiro centenário o actual Governo não se fez representar ao mais alto nível, e , de maneira especial para o meu caro amigo Vicente aqui vos deixo um dos seus poemas de luta.
DIES IRAE
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
Muito lindo. E muito forte também.
Abraços.
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 11:20
Ainda bem que gostou, porque Torga é um bom poeta.
Venha sempre.
Abraços.
É bem duro viver mesmo!
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 11:34
Sim, e na época em que Torga escreveu_ ditadura de Salazar e Maecelo Caetano - este tipo de escrita pagava-se com a prisão, que foi o que lhe aconteceu...como a outros.
Saudações!
Precioso poema, querida amiga, encerra o amargo sentimento da impotência . Valente o povo que defende a injustiça com a palavra.
Que tenhais um bom dia
Saúde.
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 11:41
Muito feliz por te receber.
Gracies pelo elogio ao meu povo, que lutou muito , de facto, no tempo negro de Salazar e Caetano.Agora, nem tanto, desgraciadamente!
Torga poderia ter sido proposto para Nobel, mas as "capelinhas" não deixaram.
A casa é tua.
E parabéns grandes : o teu português está correctíssimo!!
Saludos!!
De elvira a 17 de Outubro de 2007 às 08:47
Bom dia São.
Que posso dizer? Torga é Torga nada mais a acrescentar.
Um abraço
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 11:30
Pois, Torga , como diz Vicente, "não deixa pedra sobre pedra", não é?
Abraços!
De Apátrida a 17 de Outubro de 2007 às 12:53
Miguel Torga, e intemporal, é axudou a que a cultura portuguesa sexa universal o que tamén constitui unha ledicia para a nosa cultura ea nosa fala que sairon dun tronco común.
Sumome a merecida comemoração do primeiro centenário
SEGREDO
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
Miguel Torga
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 17:19
És um espanto,tu!
Muito obrigada por seres meu amigo!
Unha aperta.
De Apátrida a 17 de Outubro de 2007 às 20:57
Obrigado,eu!
Un abraço
De
São Banza a 18 de Outubro de 2007 às 00:20
A solidariedade não se agradece, partilha-se...
Abraço!
De Não se permite anonimato a 17 de Outubro de 2007 às 16:19
Oh, como agradeço este deleite de alma a que me sujeitou... alguém dizia que a vida é um grande livro que pouco ensina a quem não sabe ler (Augusto Cury)... se ao menos as pesoas se descobrissem em torga... mas não... pensarão talvez que é um louco... mas copmo ele disse a loucura é apenas outro grau de lucidez e não nunca contornou o muro... a honra era lutar sem esperança de vencer... obrigado...
Vicente
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 17:16
Obrigada,eu!
Volte sempre.
Abraço.
Curioso! Quase juraria que este poema foi escrito ontem, ou no mês passado, ou, no máximo, há dois anos. Mas não pode ser, pois não?
Seja como for, este poema é de hoje, deste síto mal frequentado. Deste esgoto.
João Carlos
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 17:14
Sim, para quem tem Abril no sangue...o ar está irrespirável!
Volta sempre!
Beijos!
De
Clarice a 17 de Outubro de 2007 às 18:35
Ainda hoje, ao tentar corrigir o erro de um carteiro, ouvi da pessoa aquem entregava o envelope: Eu já desisti!
Isso é pior que o esmorecimento. É reconhecer-se incapaz.
Por sorte sobra-me sangue italiano nas veias, que sempre me concederá um tanto de inconformismo e de indignação. Como se diz por aqui, de vez em quando é bom subir(ou descer) das tamancas e rodar a baiana!
Vê-se muito de protesto, mas a indignação verdadeira, parece-me ser aquela que provoca mudanças, sem o que, é esforço vão. palavras ao vento. Muitos há a querer mudar o mundo e não pegam em uma vassoura para limpar seu próprio quintal.
Abraços.
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 20:15
Acredita, Clarice, que já fui ao Dicionário ver se era mesmo COSTELETA, porque eu só via costoleta e cheguei a pensar estar eu enganada?
Eu desistir , também não desisto!
Venha sempre.
Abraço!
Gosto moito de ler a Miguel Torga.
Obrigadísima da túa visita na miña casa, eu tamén virei por aquí a miúdo.
Beijinhos
De
São Banza a 17 de Outubro de 2007 às 23:57
Graciñas pela visita, que espero ver repetida muitas vezes.
Unha aperta!
De Não se permite anonimato a 17 de Outubro de 2007 às 22:02
Ás vezes não interessa homenagear aqueles que incomodaram e tinham valor...
Esperava outra coisa dos nossos governantes?
Olhe eu não sei o que lhe diga...
Uma boa noite
José Gonçalves
De
São Banza a 18 de Outubro de 2007 às 00:01
Caro amigo, eu sou ingénua congénita :espero sempre que as pessoas mostrem o seu melhor...
Pricipalmente quando se afirmam de Esquerda e/ou têm uma religião.
Saudações!
Reflexão sobre o post