Em honra do grande poeta e lutador pela liberdade que foi Miguel Torga, em cuja comemoração do primeiro centenário o actual Governo não se fez representar ao mais alto nível, e , de maneira especial para o meu caro amigo Vicente aqui vos deixo um dos seus poemas de luta.
DIES IRAE
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
. NATAL