Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007

"LUZ ENCERRADA"

Após os excelentes poetas que partilhámos, é muita ousadia oferecer-vos um poemeto meu. Mas, como diz a sabedoria popular portuguesa, "quem dá o que tem, a mais não é obrigado."

Permitam-me destacar de entre vós, a Elvira ... pois ela dá-me a graça de ser minha amiga desde 1983, além de ter a generosidade de apreciar os meus poemas!

 

                                           LUZ  ENCERRADA

A luz

Encerrou-se

Sobre

Si própria

E dentro

Das paredes

Nuas

Nada mais

Existe

Além de

Solidão:

O gume

Das sombras

Envolve

Tão violento

A pele,

Que as flores

Explodem

De pranto.

Depois

Do fim,

Deuses

Já mortos

Acariciam

Os fantasmas

Assassinos

De mim,

Mostrando

As fauces

Dispostas

A  devorar

O Sol.

No ventre

Da loucura

O sangue

Rende-se

Ao abandono

Que nem

Os espelhos

Negaram.

 

 

São Banza - 19/6/1985 

sinto-me: A sorrir amarelo...
música/livro: Adriano Correia de Oliveira
publicado por São Banza às 00:23
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18 comentários:
De Pitanga Doce a 18 de Outubro de 2007 às 04:08
São, por estes dias só luzes acesas!!!

beijos e saberás porque na sexta.


De São Banza a 18 de Outubro de 2007 às 11:47
Gosto de te ver por aqui.
´Tá...eu espero até sexta-feira.
Beijos.


De elvira a 18 de Outubro de 2007 às 09:17
Ora aí está amiga. Um belíssimo poema. Sabe que gosto, sempre gostei dos seus poemas. Dir-me-á que depois de um poema de Torga, ou Pessoa, ou José Régio, se sente muito pequenina. Talvez. Porém as crianças são homens e mulheres pequeninos e eu francamente prefiro-os aos adultos. Todos temos o nosso lugar. E o seu é aqui. Para reler Torga, pego num dos seus livros e lei ou releio conforme fôr o caso. Depois há imensos blogs, que só publicam poesia de autores consagrados, como por exemplo o "de propósito" do Manuel. Quando venho aqui eu gosto de encontrá-la a si. Claro que uma vez ou outra, e por algum tema especial poderá sempre publicar Torga, Camões, Neruda, ou quem lhe der na gana, e se adapte ao tema. Mas por sistema, e escrevendo você como escreve, acho criminoso.
Ontem a minha amiga do Sophiamar, deu-me a honra de fazer o post, contra a pobreza com um poema meu. Senti-me emocionada até porque não me ocorrera a ideia, e se me tivesse ocorrido, eu teria sempre optado por Darfur. Também o Eskisito, postou um poema meu. Isto quer dizer que parece que os amigos dão mais importância ao que fazemos do que nós próprios.
Um abraço e obrigada pela partilha. Gostei muito.


De São Banza a 18 de Outubro de 2007 às 11:51
OBRIGADÍSSIMA!!!
Um abraço bem grande!


De Desiderio a 18 de Outubro de 2007 às 14:29
Precioso poema sacado das entranhas do alma
Felicidades
Um abraço


De São Banza a 18 de Outubro de 2007 às 17:31
Como é grande a tua sensibilidade, amigo!
Gracias.
Abraços.


De Apátrida a 18 de Outubro de 2007 às 18:14
Un fermoso poema, cheo de sensibilidade. Opino como Elvira debia vostede agraciarnos ca súa poesía máis a menudo.
Un abraço


De São Banza a 18 de Outubro de 2007 às 18:19
Vindo de ti, amigo, deixa-me com enorme responsabilidade, sabes?
Unha aperta e a minha grande gratidão por teres gostado!!


De ManDrag yThén a 18 de Outubro de 2007 às 19:37
Salve! São
O meu atrevimento é apenas o modo como leio o teu sentir.

LUZ ENCERRADA

A luz
Encerrou-se
Sobre si própria
E dentro das paredes
Nuas
Nada mais existe
Além de solidão:
O gume das sombras
Envolve
Tão violento
A pele
Que as flores explodem de pranto.
Depois
Do fim,
Deuses já mortos
Acariciam os fantasmas
Assassinos de mim,
Mostrando as fauces
Dispostas
A devorar
O Sol.
No ventre da loucura
O sangue rende-se
Ao abandono
Que nem os espelhos negaram.


De São Banza a 19 de Outubro de 2007 às 00:27
A tua criatividade é infinita,amigo meu!
"Bejinhos"


De Não se permite anonimato a 18 de Outubro de 2007 às 23:37
Amiga São

Mais uma visita cá pela sua casa. E que vejo? A minha amiga que despiu a alma neste poema.
Aposto que foi escrevendo à medida que as palavras lhe saltaram para o papel...
Está certamente neste poema a São, tal como é...
Um abraço e uma noite muito serena...
José Gonçalves


De São Banza a 19 de Outubro de 2007 às 00:31
Muito contente por o ver aqui.
É, eu normalmente escrevo de rajada, sem rascunhos. Como tudo tem aspectos positivos e outros nem tanto.
Uma feliz noite também para o meu amigo.


De Clarice a 19 de Outubro de 2007 às 00:36
O que eu acho? Eu sempre acho que de poesia só se pode dizer: gostei ou não gostei. Eu gostei e você deve continuar escrevendo. O ritmo é cortante como a idéia da negação. As palavras fazem pensar, o que é muito importante!
Beijim.


De São Banza a 19 de Outubro de 2007 às 01:15
Obrigada pelo apoio para continuação e quanto á opinião, concordo: ou se gosta ou não se gosta!
Espero sempre por si.
Boa noite!


De Gustavo Chaves a 19 de Outubro de 2007 às 15:02
Gostei!


De São Banza a 19 de Outubro de 2007 às 18:26
Ainda bem, graças!
Bom fim de semana!


De Silênco Culpado a 20 de Outubro de 2007 às 16:13
A São tem uma alma transbordante de sensibilidade e de emoção. É belo o seu poema pese embora o toque de tristeza e de desilusão. Por muitas luzes que se apaguem, por muito que estejamos confinados a nós próprios, há sempre uma luz que há-de nascer e um mundo para calcorrear e descobrir.
Aceita a minha mão?


De São Banza a 20 de Outubro de 2007 às 22:29
Como posso agradecer-lhe a sua ternura? aceitando a mão que tão solidaria/ me oferece, claro!
Volte!
Bom fim de semana.


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