Sexta-feira, 19 de Outubro de 2007

NOVA POESIA DE RESISTÊNCIA

Vinha falar-vos de viagens: há oito meses atrás passei uns dias na Cantábria e nas Astúrias .Mais uma vez me maravilhei com a garganta que nos leva a Potes, indo desta vez até Fuente Dé . As montanhas negras, com neve salpicando as encostas, pareciam bolos de chocolate gigantes salpicados de acúcar , oferecidos à gula de viajantes incansáveis.Que é o meu caso!

Porém, "outros valores mais se alevantam"e, após a consumação de algo tão lesivo para quem labora como é a flexigurança, não posso deixar de partilhar convosco um exemplar poema da nova poesia de resistência do meu querido amigo João Carlos P.( homem de luta e sensibilidade).

No primeiro diploma,

Congelaram as progressões,

Acabaram os escalões,

E não dizemos nada.

No segundo diploma,

Aumentam o tempo das reformas,

Mexem em todas as normas,

E não dizemos nada.

No terceiro diploma,

Alteram o sistema de saúde,

Há um controlo amiúde,

E não dizemos nada.

No quarto diploma,

Criam-se informações,

Geram-se várias divisões,

E não dizemos nada.

No quinto diploma,

Passa a haver segredo,

As pessoas vivem com medo,

E nós não dizemos nada.

Até que um dia,

O emprego já não é nosso,

Tiram-nos a carne   fica o osso,

E já não podemos dizer nada.

Porque a luta não foi travada,

A revolta foi dominada,

E a garganta está amordaçada.

Mas, ontem, duzentas mil pesoas gritaram bem alto em Lisboa que ainda há quem lute!

 

música/livro: José Afonso-"O QUE FAZ FALTA"
sinto-me: Frustrada
publicado por São Banza às 12:21
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18 comentários:
De Pena a 21 de Outubro de 2007 às 23:43
Querida Amiga:
A situação que o poeta descreve é mesmo preocupante. Muito difícil de aceitar num país dito Democrático.
Realmente fazem-se verdadeiros atentados a uma liberdade conquistada e ao direito Humano, inequívoco, de Sentir e Pensar.
A sociedade, a nossa sociedade, está desencantada, desesperada e incrédula pelo que sucede nas suas vidas e nos meandros do Poder.
Será isto uma existência plena, feliz, alegre?
Vêem-se rostos apreensivos e cabisbaixos com as "atrocidades" à liberdade, à justiça, à educação, amordaçados num silenciar que nos exigem.
Que todos os dias se consiga ser feliz numa sociedade infeliz, por si só.
Abraço carinhoso e amigo sinceros
Sempre que passo aqui vejo-a manifestar assuntos pertinentes/actuais que me fazem voltar e deixar algo de mim.
Um Bem-haja grandioso pelo que é.
Obrigado por ser minha amiga.

pena


De São Banza a 22 de Outubro de 2007 às 00:58
Obrigada eu pelas generosas e belas mensagens com que alinda o meu espaço. Tudo de bom para si, colega e amigo.
Espero-o sempre.


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